Conhecidos os resultados finais das eleições autárquicas, divulgados pelo STAPE, confirma-se, em pleno, o contrário do que diz a propaganda da direita já em trabalhos de parto para a candidatura de Cavaco Silva.
Ainda ontem a SIC passava, em rodapé, a informação de que o PS perdera mais de 500.000 votos face às últimas legislativas. Ora não se podem comparar resultados de eleições de natureza diferente além do mais porque, que eu saiba, o PSD e o PP concorreram separados nas legislativas e coligados em grande número de autarquias o que inviabiliza a realização de comparações sérias entre os resultados das legislativas e das autárquicas.
Num post anterior, editado no absorto, escrevi:
“Mas o mais honesto é fazer a comparação com os resultados das eleições autárquicas de 2001 e tomados estes verificar-se-á um ligeiro recuo do PS (108 a 109 Presidências, em 2005, para 111 em 2001) e, da mesma forma, um ligeiro recuo do número de Presidências para o PSD/PP (159 a 160, em 2005, para 162 em 2001).”
Os resultados finais das eleições autárquicas de 2005, comparados com os de 2001, confirmam que o PS perdeu 3 Presidências de Câmara (109, em 2005, contra 112, em 2001) mas obteve mais votos, mais mandatos e uma percentagem superior.
Ou seja o PS, apesar de ter perdido 3 Presidências, cresceu para 1.930.191 votos, em 2005, contra 1.792.690 votos, em 2001; obteve, em 2005, 853 mandatos, contra os 825 obtidos em 2001 e 35,84% em 2005, contra 34,12%, em 2001.
A direita, PSD e CDS/PP, no conjunto (separados ou coligados), perdeu, igualmente, 3 Presidências de Câmara (159, em 2005, para 162, em 2001), perdeu votos (2.353.701 em 2001, 2.311.691, em 2005), perdeu mandatos (942, em 2001, contra 934, em 2005) e decresceu dos 45,84% em 2001, para 42,92, em 2005.
A esquerda (PS+PCP+BE) mantém uma maioria confortável face à direita, considerando o PSD+CDS/PP (sozinhos ou coligados), em número de votos (2.680.087 contra 2.311.691); em mandatos (1.063 contra 934) e em percentagem (49,76% contra 42,92%). Apesar desta maioria da esquerda em votos, mandatos e em percentagem, a direita obtém mais Presidentes de Câmara (159 contra 142).
Comparativamente com as eleições de 2001 a direita, em 2005, desce em todos os itens (votos, mandatos, percentagem e Presidentes de Câmara) e a esquerda sobe em todos os itens, incluindo em Presidências de Câmara, neste caso, à custa da conquista de mais 4 Presidências pelo PCP que compensam as 3 perdidas pelo PS.
Nestas contas são só considerados os resultados dos partidos (sozinhos ou coligados) que conquistaram Presidências de Câmara. A direita, se forem considerados todos os outros resultados marginais, aumenta ligeiramente a sua expressão. Mesmo que se considerem esses resultados e, ainda, em 2001, os resultados da coligação PS/PCP, em Lisboa, a correlação de forças não se altera no essencial.
Conclusão:
1 - A direita (e não o PSD), em 2005, é maioritária em número de Presidências de Câmara, como já era em 2001, mas perde expressão em votos, mandatos, percentagem e Presidentes de Câmara.
2- O PS recua ligeiramente, em número de Presidências de Câmara, face a 2001, mas melhora os seus resultados, em votos, mandatos e percentagem.
3- A esquerda no seu conjunto, cresce eleitoralmente, em todos os itens, face a 2001, sendo maioritária excepto em número de Presidências de Câmara.
4 - Nestas eleições autárquicas, comparadas com as 2001, a direita perdeu expressão eleitoral e, em contrapartida, a esquerda ganhou.
5 - As notícias em contrário são manifestamente falsas!
(Se alguém se der ao trabalho de conferir os números e algum estiver errado diga qualquer coisa.)
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