"El miedo domina los mercados, sólo queda la opción de cerrarlos"
"Espero no haberle deprimido demasiado". Nouriel Roubini (Estambul, Turquía, 1958) cierra la entrevista con una amable sonrisa para quitar hierro a la andanada de malos augurios que acaba de lanzar. Este profesor de Economía de la Universidad de Nueva York es muy consciente del impacto que causan sus palabras. No siempre fue así. Sus investigaciones vaticinaron, con escaso eco, un colapso del sistema financiero de EE UU ya en 2004. Y cuando expuso sus conclusiones ante la flor y nata de los economistas del FMI, en 2006, cundió el escepticismo. Ahora, con el acierto de su parte, sus duras advertencias se rumian una y otra vez.
Porque Roubini cree que lo que otros consideraron exageraciones han acabado por quedarse cortas. "Lo que ha ocurrido esta mañana en Estados Unidos es otra señal de que los mercados están en caída libre, tratar de estabilizarlos es como que te lancen un cuchillo e intentar pararlo con las manos desnudas", dijo en referencia a la suspensión de los mercados de futuros en Wall Street ayer tras caer más de un 6%.
"El miedo se ha adueñado de los mercados, todo el mundo quiere vender y nadie compra, sólo va quedando la alternativa de cerrarlos un tiempo", afirma sin pestañear. Cuando el presidente italiano, Silvio Berlusconi, dijo algo parecido hace tres semanas, todo el mundo lo tomó como una más de sus célebres meteduras de pata. Pero ahora que lo vaticina Roubini, nadie se lo toma a chanza.
Porque el profesor universitario constata lo que ya a estas alturas resulta obvio: "El efecto positivo en los mercados del anuncio de intervenciones multimillonarias por los Gobiernos sólo duró un par de días". Roubini cree que las inyecciones de capital a los bancos y el aval a los préstamos son medidas correctas, aunque tardías. Y aboga por decisiones más radicales aún, con "paquetes fiscales amplios" y mayores recortes de tipos. Pero ni eso serviría.
"Los mercados ya saben que los Gobiernos harán todo lo que esté en su mano para apoyar al sector financiero, pero siguen desplomándose. Ya no funcionan, no responden a ningún incentivo, están en un proceso imparable de liquidación de activos, se han convertido en una fuerza destructiva. Cada vez estoy más convencido de que la única solución es un cortocircuito temporal".
Roubini ya esbozó su idea de un cierre de los mercados el jueves en Londres, en una conferencia mundial de gestores de fondos de alto riesgo. Ayer, en Madrid, fue más contundente aún ante los directivos convocados por la escuela de negocios IESE, que celebraba su 50º aniversario. Y repitió su lúgubre pronóstico, infatigable, en conferencia de prensa y entrevistas con los medios.
Su agenda está cada vez más repleta. El reconocimiento mediático y académico crece al mismo ritmo que el sistema financiero se tambalea. The New York Times le ha bautizado como Dr. Doom (doctor calamidad). Y el World Economic Forum, la institución que organiza los encuentros de líderes políticos y empresariales en Davos (Suiza) le encargó la coordinación de su reciente informe sobre el sistema financiero.
"El impacto en la economía real será muy duro, la recesión mundial es inevitable y durará al menos dos años", sentencia. Obviamente, no cree posible una recuperación en 2009. Ni que las economías emergentes se salven de la quema. Recita sin respirar una veintena de países que ya afrontan problemas. Y advierte que "para China crecer menos que un 7% o para Brasil menos que un 2% es lo mismo que una recesión, aumentaría la pobreza".
Cuando se le pregunta por la economía española, reparte estopa. "En España, la recesión será más dolorosa, la burbuja inmobiliaria ha ocultado los problemas de falta de competitividad, los avances en productividad son aún más débiles que en Italia, Grecia o Portugal". Y es aún más contundente cuando se le inquiere por Alan Greenspan, ex presidente de la Reserva Federal. "Con Greenspan y ahora con [Ben] Bernanke, la Reserva Federal ha sido la principal cheerleader [animadora] de la ingeniería financiera que nos ha llevado a este desastre".
"Cuando la supervisión se guía por la ceguera ideológica se va de un extremo a otro: antes eran defensores a ultranza de una autorregulación que no ha funcionado, ahora parecen la Unión Soviética", bromea.
Roubini cree que esta vez no habrá más remedio que "construir de verdad un sistema de regulación global". Porque él lo tiene claro: "Prefiero el coste de una sobrerregulación que el peligro de una falta total de regulación". Una reforma que extendería a las agencias de calificación o al sistema de compensación de los altos ejecutivos. Pero antes habrá que gastar mucho dinero público en taponar la sangría del sistema financiero. "Decir que no habrá coste para los contribuyentes es un disparate", dispara.
A.BOLAÑOS / C. DELGADO – El Pais - Madrid - 25/10/2008
Saturday, October 25, 2008
Thursday, October 23, 2008
A intervenção silenciada de ANTÓNIO SANTOS JÚNIOR no 1º de Maio de 1974
Camaradas!
Trabalhadores!
Para os que não me conhecem: Eu fui presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Lisboa e da Federação dos Sindicatos dos Metalúrgicos durante 4 meses até ser destituído pelo Governo de Marcelo Caetano.
Estou aqui para, com a minha voz de trabalhador, vos falar em nome do Movimento de Esquerda Socialista (em organização).
Antes de mim falaram representantes do Movimento Democrático, do Partido Socialista, do Partido Comunista.
Já antes do 25 de Abril não eram só estas organizações que existiam.
Existiam outros movimentos que se manifestavam em lutas operárias:
- Na Fábrica.
- Nos Sindicatos.
- No nível político através dos grupos socioprofissionais mistos (surgidos na movimentação do período eleitoral de 1973 e que desde então continuam a trabalhar).
Manifestavam-se também nas lutas estudantis e na luta anti-colonial.
Em todas estas lutas fez-se sentir o peso esmagador dos trabalhadores que as levaram por diante, embora nelas também se tenham integrado cristãos revolucionários e elementos socialistas.
No fim de contas um grande grupo de pessoas lutava, luta e jamais deixará de lutar por um socialismo perfeitamente controlado em todos os seus aspectos, desde o económico ao político, do cultural ao social, pela classe operária! Repito, uma sociedade que seja controlada em todos os seus aspectos pela classe operária!
Camaradas Trabalhadores, neste momento saudamos os soldados de Portugal, o Movimento das Forças Armadas que derrubaram os aparelhos de Opressão constituídos e que criaram, portanto, condições absolutamente novas para o desenvolvimento da nossa luta de trabalhadores.
- efectivamente a censura acabou
- a PIDE, Legião e outras organizações estão a ser destruídas.
Mas … Tenhamos atenção. Nem todas as formas de repressão foram já abolidas.
Todos nós sabemos que a repressão que até agora vínhamos sentindo e sofrendo nas fábricas e em todos os locais de trabalho vai pretender continuar!
Formas de repressão tais como: despedimentos repressivos nas fábricas e em todos os locais de trabalho. As cargas policiais sempre que nós trabalhadores entrávamos em greve ou por qualquer outra forma lutávamos pela defesa dos nossos interesses. A recente luta dos trabalhadores da TAP foi disso o mais recente exemplo, mas foi também um dos raros momentos na história recente das nossas lutas em que nós trabalhadores nos conseguimos opor vitoriosamente à repressão: as forças policiais tiveram de recuar e nem um só dos nossos camaradas foi despedido. A acção dos bufos e de todos aqueles que nos locais de trabalho ajudam o patronato a impor-nos a sua tirania.
Contudo … Também a nossa exploração continua! Concerteza que os patrões vão pretender continuar a pagar-nos salários miseráveis e ajudados por essa miséria onde nos lançam obrigar-nos a aceitar horas extraordinárias em série em vez de satisfazerem as nossas reivindicações de redução de horário de trabalho.
Vão continuar a obrigar-nos a trabalhar em péssimas condições de higiene e segurança, vão no fim de contas continuar a explorar-nos!
Por isso perguntamos:
A exploração irá continuar?
As Caixas de Previdência vão continuar a estar ao serviço dos capitalistas e dos colonialistas ou vão passar a estar nas nossas mãos e portanto ao serviço do todo o povo?
Será que muitos de nós vão continuar em casas miseráveis ou em barracas enquanto outros vivem em luxuosas vivendas que são autênticos palácios?
Será que vamos continuar a perder longas horas do nosso dia em transportes incómodos e cada dia mais caros, enquanto outros têm vários automóveis, qual deles mais caro e com os seus motoristas particulares?
Será que as escolas dos nossos filhos vão continuar a ser fábricas e oficinas ou será que as escolas neste país se vão finalmente abrir para todos os filhos do povo?
Será que a Guerra e exploração coloniais vão continuar?
Se queremos ser nós a construir o futuro do nosso país e não admitimos que ninguém o faça em nosso nome, não devemos contribuir para que os povos das colónias possam também tomar nas suas próprias mãos os destinos dos seus países?
A resposta a todas estas perguntas devemos ser todos nós a dá-la diariamente da única forma que serve efectivamente os nossos interesses de trabalhadores, que serve efectivamente os interesses do povo!
A nossa luta tem de continuar sem desfalecimentos e só terminará com a construção de uma sociedade sem classes sem exploradores nem explorados, de uma sociedade onde não tenhamos de nos vender diariamente!
Temos de construir uma sociedade socialista!
Este é o nosso objectivo e para o atingir estamos abertos à mais ampla colaboração com todas as forças políticas que igualmente lutam pela emancipação de todo o povo, pela construção do socialismo.
CAMARADAS!
É necessário não esquecer nunca uma verdade que a história das lutas dos trabalhadores em todo o mundo tem demonstrado!
A EMANCIPAÇÃO DOS TRABALHADORES SÓ PODE SER OBRA DE NÓS PRÓPRIOS TRABALHADORES!!!
Trabalhadores!
Para os que não me conhecem: Eu fui presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Lisboa e da Federação dos Sindicatos dos Metalúrgicos durante 4 meses até ser destituído pelo Governo de Marcelo Caetano.
Estou aqui para, com a minha voz de trabalhador, vos falar em nome do Movimento de Esquerda Socialista (em organização).
Antes de mim falaram representantes do Movimento Democrático, do Partido Socialista, do Partido Comunista.
Já antes do 25 de Abril não eram só estas organizações que existiam.
Existiam outros movimentos que se manifestavam em lutas operárias:
- Na Fábrica.
- Nos Sindicatos.
- No nível político através dos grupos socioprofissionais mistos (surgidos na movimentação do período eleitoral de 1973 e que desde então continuam a trabalhar).
Manifestavam-se também nas lutas estudantis e na luta anti-colonial.
Em todas estas lutas fez-se sentir o peso esmagador dos trabalhadores que as levaram por diante, embora nelas também se tenham integrado cristãos revolucionários e elementos socialistas.
No fim de contas um grande grupo de pessoas lutava, luta e jamais deixará de lutar por um socialismo perfeitamente controlado em todos os seus aspectos, desde o económico ao político, do cultural ao social, pela classe operária! Repito, uma sociedade que seja controlada em todos os seus aspectos pela classe operária!
Camaradas Trabalhadores, neste momento saudamos os soldados de Portugal, o Movimento das Forças Armadas que derrubaram os aparelhos de Opressão constituídos e que criaram, portanto, condições absolutamente novas para o desenvolvimento da nossa luta de trabalhadores.
- efectivamente a censura acabou
- a PIDE, Legião e outras organizações estão a ser destruídas.
Mas … Tenhamos atenção. Nem todas as formas de repressão foram já abolidas.
Todos nós sabemos que a repressão que até agora vínhamos sentindo e sofrendo nas fábricas e em todos os locais de trabalho vai pretender continuar!
Formas de repressão tais como: despedimentos repressivos nas fábricas e em todos os locais de trabalho. As cargas policiais sempre que nós trabalhadores entrávamos em greve ou por qualquer outra forma lutávamos pela defesa dos nossos interesses. A recente luta dos trabalhadores da TAP foi disso o mais recente exemplo, mas foi também um dos raros momentos na história recente das nossas lutas em que nós trabalhadores nos conseguimos opor vitoriosamente à repressão: as forças policiais tiveram de recuar e nem um só dos nossos camaradas foi despedido. A acção dos bufos e de todos aqueles que nos locais de trabalho ajudam o patronato a impor-nos a sua tirania.
Contudo … Também a nossa exploração continua! Concerteza que os patrões vão pretender continuar a pagar-nos salários miseráveis e ajudados por essa miséria onde nos lançam obrigar-nos a aceitar horas extraordinárias em série em vez de satisfazerem as nossas reivindicações de redução de horário de trabalho.
Vão continuar a obrigar-nos a trabalhar em péssimas condições de higiene e segurança, vão no fim de contas continuar a explorar-nos!
Por isso perguntamos:
A exploração irá continuar?
As Caixas de Previdência vão continuar a estar ao serviço dos capitalistas e dos colonialistas ou vão passar a estar nas nossas mãos e portanto ao serviço do todo o povo?
Será que muitos de nós vão continuar em casas miseráveis ou em barracas enquanto outros vivem em luxuosas vivendas que são autênticos palácios?
Será que vamos continuar a perder longas horas do nosso dia em transportes incómodos e cada dia mais caros, enquanto outros têm vários automóveis, qual deles mais caro e com os seus motoristas particulares?
Será que as escolas dos nossos filhos vão continuar a ser fábricas e oficinas ou será que as escolas neste país se vão finalmente abrir para todos os filhos do povo?
Será que a Guerra e exploração coloniais vão continuar?
Se queremos ser nós a construir o futuro do nosso país e não admitimos que ninguém o faça em nosso nome, não devemos contribuir para que os povos das colónias possam também tomar nas suas próprias mãos os destinos dos seus países?
A resposta a todas estas perguntas devemos ser todos nós a dá-la diariamente da única forma que serve efectivamente os nossos interesses de trabalhadores, que serve efectivamente os interesses do povo!
A nossa luta tem de continuar sem desfalecimentos e só terminará com a construção de uma sociedade sem classes sem exploradores nem explorados, de uma sociedade onde não tenhamos de nos vender diariamente!
Temos de construir uma sociedade socialista!
Este é o nosso objectivo e para o atingir estamos abertos à mais ampla colaboração com todas as forças políticas que igualmente lutam pela emancipação de todo o povo, pela construção do socialismo.
CAMARADAS!
É necessário não esquecer nunca uma verdade que a história das lutas dos trabalhadores em todo o mundo tem demonstrado!
A EMANCIPAÇÃO DOS TRABALHADORES SÓ PODE SER OBRA DE NÓS PRÓPRIOS TRABALHADORES!!!
Sunday, October 19, 2008
REPORTAJE: LA BANCARROTA DE ISLANDIA (El primero en caer)
Hasta hace unas semanas era considerado el mejor lugar para vivir del mundo. Y sus habitantes, los más felices del planeta. Pero, arrasada por el terremoto de la crisis financiera, Islandia se ha convertido en un país en bancarrota, con una población en estado de 'shock' y unas autoridades balbuceantes. ¿Un anticipo de lo que les espera a otros países?
Gente mayor que ha visto desaparecer sus ahorros de toda la vida; padres de familia incapaces de pagar sus deudas hipotecarias; jóvenes con estudios universitarios obligados a abandonar pisos recién comprados, sus sueños de prosperidad aniquilados: no es la excepción, es la nueva norma en Islandia, país cuya población, la más devastada por la actual crisis financiera mundial, se encuentra en estado de shock. "Como los sobrevivientes de un terremoto", se lamenta uno. "Nuestro 11 de septiembre", llora otro.
Islandia, una pequeña y desorbitada caricatura del crecimiento sin fin que parecía estar viviendo el mundo desarrollado, ofrece de repente una temible primicia de la debacle económica que amenaza con reproducirse en Europa, en Estados Unidos y en el resto de los países ricos. Sin reservas de moneda extranjera, con casi la totalidad de la banca nacionalizada, y el país declarado prácticamente "en bancarrota" por el primer ministro, el país está en el epicentro de un terremoto global cuyo impacto ni el más alocado cómplice del ataque a las Torres Gemelas se hubiera atrevido a imaginar.
El trauma -que se expresa con rabia, vergüenza, miedo- parte del choque entre la enorme autosatisfacción acumulada durante años de desaforado crecimiento y lo estrepitosa que ha sido la caída. Un informe de Naciones Unidas identificó a Islandia a principios de año como el mejor lugar del mundo para vivir. Un estudio académico publicado en importantes periódicos mundiales en 2006 afirmó que los islandeses eran la gente más feliz de la tierra. Hoy Islandia está a merced del Fondo Monetario Internacional, como si ocupara no el primer lugar, sino, como Sierra Leona, el último en la lista del Índice de Desarrollo Humano de la ONU. Como síntoma de la desesperación reinante, el Gobierno analiza la posibilidad de aceptar un préstamo gigantesco de Rusia, país cuya población, según el estudio académico de 2006, es la más infeliz del mundo.
Los criterios de desarrollo en los que se basó la ONU no consistían únicamente en el hecho de que este país de 300.000 habitantes, ubicado en uno de los ecosistemas más inhóspitos de la Tierra, había llegado a colocarse en el sexto lugar del mundo por su producto interior bruto per cápita.
Cuando los islandeses se recuperen del susto recordarán que sus sistemas públicos de sanidad y educación no tienen parangón. Que el Estado contribuye de manera activa a que las madres tengan las mismas posibilidades de acceder al mercado laboral que los padres. Que Islandia es líder mundial en cuanto a energía limpia y renovable: el uso de agua caliente proveniente de las entrañas volcánicas de la isla nutre al país de electricidad. Que hay una cultura de lectura y de música que se encuentra en poquísimos lugares del planeta.
Pero los logros acumulados a lo largo de los mil años de presencia humana en la isla se ven ahora en riesgo debido a la exuberancia vikinga, que muchos habían identificado como el motor del milagro islandés, como el motivo por el cual el país pasó en medio siglo de ser el más pobre de Europa a uno de los más ricos, con desempleo cero. En mayo pasado, el propio presidente, Ólafur Ragnar Grímsson, se había jactado, en un discurso en Londres, de las ancestrales virtudes vikingas -la osadía masculina por excelencia de salir a conquistar el mundo en pequeños barcos de madera, sin miedo alguno- como motivo de "la superioridad empresarial" del islandés. Hace dos semanas, en plena caída libre de la economía, Grímsson fue operado del corazón, y el lunes pasado apareció en televisión pidiendo disculpas a la nación por haber hecho el ridículo ante el mundo. Los banqueros islandeses, la vanguardia vikinga, operaban en 20 países y habían comprado grandes empresas en Inglaterra y Dinamarca, sin excluir, como si fueran jeques árabes u oligarcas rusos, un equipo de fútbol londinense. Pero, al hacerlo, la deuda nacional se multiplicó; se rompieron los vínculos bancarios en los que se sustenta el sistema financiero mundial, y la burbuja islandesa explotó.
Los islandeses se debaten hoy entre echarle la culpa al Gobierno, por haber desregulado las leyes de manera tal que todo valía, o a los banqueros, cuya extravagancia era observada por el resto de los ciudadanos en las fiestas espontáneas que montaban en los bares de Reikiavik, la capital, donde consumían champán a 1.000 euros la botella como si fuera cerveza.
Thorir Bergsson es de los que se inclinan por culpar al Gobierno, y de los que espera que el Gobierno dé ahora con una solución a su apremiante, y absolutamente típico, dilema.
Bergsson, de 39 años, es cocinero en el que había sido hasta hace un mes un exitoso restaurante en el centro de Reikiavik. Ahora ha bajado la clientela en un 40%, han despedido a varios empleados y él mismo se plantea la posibilidad de aceptar una reducción de su salario. Su mujer es antropóloga y trabaja en el municipio de Reikiavik en el departamento de inmigrantes, un puesto de trabajo que pronto podría tener poca relevancia, ya que los inmigrantes -de los países bálticos principalmente- se están yendo, debido a que la moneda islandesa, el krona, está en caída libre y que de repente se plantea la seria posibilidad de que los propios islandeses empiecen a competir "por los trabajos de manos sucias", como dice Bergsson.
Pero esto no es lo peor. Lo peor es que Bergsson, sencillamente, no puede pagar su mensualidad hipotecaria, ni la del préstamo de su coche, sin que los cuatro niños que viven con él y su mujer pasen hambre. La pareja tiene dos hijos pequeños, pero cada uno cuenta además con un hijo adolescente de anteriores relaciones -situación que en Islandia no sólo es común, sino que se vive con entera naturalidad-. Entre los dos se ganaban muy bien la vida: lo que hace muy poco hubieran sido unos 8.500 euros al mes, o 850.000 kronas, y ahora son 6.000, con tendencia clara a bajar. Como muchos islandeses, optaron, aconsejados por el banco, por una hipoteca calculada en una mezcla de monedas extranjeras. La consecuencia ha sido que, si antes pagaban 160.000 kronas al mes por la casa, el banco les ha informado de que la próxima cuota será de 400.000. Por el coche tiene que pagar 60.000. "Si agregamos el 36% de impuestos que nos quitan de nuestros sueldos, nos quedamos prácticamente con nada", dice Bergsson. "Por eso pienso ir al banco y decirles que no vamos a pagar. Todo el mundo está en las mismas. El país entero está congelado, a la espera de algo".
Por ejemplo: que con las divisas que lleguen del FMI, de los rusos, o, como muchos desean, de los primos escandinavos (ya que todos temen las condiciones que podrían imponer los otros dos), el gobierno pueda montar un plan de rescate. "Hay otra cosa que prefiero ni pensar", dice Bergsson, que insiste en que está manteniendo la calma aunque sus ojos no oculten un aire de ansiedad que roza el dolor. "Mi casa, en la que había invertido tanta ilusión, además de dinero, pierde valor cada día que pasa. ¿Qué va a significar eso para mis ahorros cuando sea mayor?".
Bergsson reconoce, de todos modos, que hay "mucha gente" pasándolo peor que él. Por ejemplo, los 1.000 jóvenes empleados de banco -en muchos casos, la flor y nata del sistema universitario islandés, con masters y doctorados en el extranjero- que han sido despedidos este mes y que habían apostado por la buena vida con mucha más exuberancia crediticia que él. "Yo todavía puedo reconstruirme, pero los que más pena me dan son todos los mayores que han perdido sus ahorros".
Ha sido sorprendente ver la reticencia de los islandeses (Bergsson es un caso excepcional) a contar los dramas que están viviendo. Se demuestra en el hecho de que los periódicos islandeses casi no hayan publicado ninguna historia con nombre y apellidos sobre el impacto de la crisis en la calle. Es como si los periodistas entendieran que a los islandeses les da vergüenza mirarse en el espejo. Por eso, la mayoría de las historias que uno oye son de segunda mano.
Como el caso, también típico, del suegro del escritor Throstur Helgason, que se jubiló el viernes anterior al lunes en el que nacionalizaron su banco, el Glitnir. "Tiene 70 años. Fue ejecutivo de una gran empresa hidroeléctrica", cuenta Helgason. "A principios de año, el banco le convenció, a él y a muchos en su situación, para que pasara sus ahorros de toda la vida de una cuenta sólida que daba un interés del 14% a una que daba un 20%, y le aseguraron que, aunque en teoría tenía más riesgo, en la práctica era igual de segura. La solidez de la banca mundial era su garantía, le dijeron. Así que transfirió los fondos y, apenas 48 horas después de haber concluido su vida laboral, vio cómo todo el dinero acumulado a lo largo de su vida, para disfrutar de una feliz jubilación, había desaparecido del mapa".
Helgason, que tiene tres hijos pequeños, tiene la enorme suerte de haber terminado prácticamente de pagar su hipoteca. Pero tampoco se considera a salvo. Por un lado, porque su esposa, la directora del Festival de Cine Internacional Anual de Reikiavik, no sabe si la muestra se celebrará el año que viene, ya que el principal patrocinador es un banco islandés. Por otro, porque Helgason ha escrito tres libros que su editorial se había comprometido a publicar, pero ahora no posee el dinero para imprimir. Encima, dice Helgason, que es jefe de la sección de cultura de un diario islandés, hay indicios de que la mayor cadena de distribución de libros del país está a punto de quebrar, lo que arrastraría a la ruina a la principal editorial islandesa. "¡Y todo esto en un país en el que, hasta ahora, la gente ha comprado más libros que en cualquier otro!".
En cuanto a su tradición musical, el país ha sufrido otro duro golpe moral al anunciarse la cancelación de una gira de la orquesta sinfónica nacional programada en Japón este mes. "Los organizadores japoneses escribieron para decir que, dada la crisis que atravesaba Islandia, mejor que no vinieran", cuenta Helgason.
Una salida para los músicos -y los demás islandeses preparados para competir en el ámbito internacional, que son muchos- es emigrar. Este, precisamente, es el temor más grande de la docena de personas con las que EL PAÍS habló para este reportaje. "Si vamos a salir del lío, si vamos a reconstruir el país sobre bases más sólidas y duraderas, si vamos a dar el paso esencial de diversificar nuestra economía, lo que no debe ocurrir es una estampida de cerebros", argumenta Svafa Gronfeldt, rectora de la Universidad de Reikiavik. "Somos un pueblo de sobrevivientes por definición. El haber creado una buena vida aquí ha sido fruto de una tremenda imaginación y capacidad práctica. Nuestra gran ventaja hoy es que tenemos a gente joven altamente competitiva en el mercado mundial, que además se maneja a la perfección en inglés. Ahora, si se van...".
Thorir Bergsson no es un caso típico, porque es cocinero (aunque uno de los síntomas del éxito islandés ha sido la proliferación de excelentes restaurantes en la capital), pero sí refleja la actitud de mucha gente que comparte la opción de buscarse la vida en el extranjero. "No queremos irnos, aunque tanto mi mujer como yo sabemos que podríamos conseguir empleo fuera. Sin duda", dice. "Pero es que sería terrible que gente de mi generación abandonara el barco ahora. Aunque, claro, si el bienestar de nuestros hijos está en juego, nuestro idealismo no durará para siempre".
Dagur Eggertson, ex alcalde de Reikiavik y médico de profesión, asegura que el trauma que vive el país se multiplica, especialmente en el caso de gente mayor que ha perdido sus ahorros, ante la posibilidad de que "los mejores y los más listos" se vayan. "No sólo es que nos costaría muchísimo más levantarnos económicamente; es que éste es un país en el que las familias están muy unidas, quizá más unidas ahora que nunca, y el impacto emocional sería atroz. Conozco a un señor que trabaja para el Gobierno cuyos tres hijos -dos de ellos banqueros; el otro, ejecutivo de una empresa de telefonía- acaban de perder sus trabajos. Ve casi inevitable que emigren los tres".
Pero Eggertson comparte la opinión de Svafa Gronfeldt, la rectora de la universidad, de que Islandia puede dar una lección al mundo sobre cómo salir de la actual crisis. "Debemos reflexionar sobre la humillación que hemos sufrido, abandonar estos viejos valores vikingos y reemplazarlos por otros".
¿Qué otros? La respuesta la tienen Gronfeldt y otra media docena de mujeres entrevistadas por este periódico: "Con valores femeninos". Islandia es el país con el porcentaje más alto de mujeres con empleo. Pero, como dice Gronfeldt, hasta ahora casi todas se han quedado estancadas en el segundo o tercer nivel empresarial. "Las mujeres tienen la preparación y la habilidad, y esta crisis va a acelerar el movimiento hacia arriba".
Ya se ha comenzado a experimentar el fenómeno, y de manera fulminante. Los nuevos presidentes de los dos grandes bancos nacionalizados son, por primera vez, mujeres, lo que un ministro describió como un intento de implantar "una nueva cultura" en el mundo bancario y lo que provocó este titular del Financial Times: "Mujeres islandesas, a limpiar el desorden masculino".
"Sí", dice Halla Tomasdottir, "pero esta vez, después de limpiar, nos vamos a quedar". Tomasdottir ha aparecido como la portavoz de una nueva corriente a favor de que las mujeres ocupen puestos clave de liderazgo en la nueva Islandia, que se espera que emerja de las ruinas de la antigua. "Antes sólo remábamos; ahora vamos a decidir adónde vamos".
Tomasdottir posee, hoy más que nunca, los atributos de una gran capitana. Es la presidenta de Audur Capital, la única consultora financiera de Islandia cuyos clientes no sólo no han perdido dinero en la crisis, sino que han salido ganando. "Los últimos cuatro años he estado observando, incrédula, el modelo imperante de inversiones. Todo pensado a corto plazo, sin tomar en cuenta las consecuencias sociales; apostar todo a enormes ganancias sin evaluar seriamente los riesgos; un grotesco exceso en los incentivos a los individuos que lideran las inversiones, y, en general, una preponderancia desmesurada de testosterona en la toma de decisiones".
"Las mujeres islandesas y en todo el mundo son más prácticas que los hombres, tienen los pies más firmemente plantados en la tierra y estudian con más mesura las consecuencias de los riesgos que toman", dice Tomasdottir, que el martes pronunció un discurso sobre el tema -recibido con fervor- ante 100 de las mujeres más influyentes de Islandia.
"No es el fin del capitalismo, como algunos dicen", explica Tomasdottir. "Es el comienzo de un capitalismo mejorado, dirigido no por las mujeres solas, claro que no, sino guiado por un concepto más femenino de la vida". Eso consiste "en pensar más a largo plazo, trabajar más en equipo y tomar en cuenta no sólo las ganancias inmediatas de los inversores, sino valores más amplios, como el bienestar de la sociedad en su conjunto".
Tomasdottir, una mujer de una tremenda energía y extravagante buen humor, dice estar entusiasmada ante los retos que hay por delante. "Sorprenderemos al mundo, saldremos fortalecidos de todo esto, y el mundo imitará nuestro ejemplo. ¡Ya verá!".
Pero antes, y esto no lo niega ni ella, tendrán que pasar tres o cuatro años duros. Habrá desempleo por primera vez en Islandia, quizá por mucho tiempo; la moneda bajará antes de volver a subir; algunos de los "mejores" se irán para siempre, y los mayores se lamentarán de haber perdido la oportunidad de celebrar su largamente anticipado retiro. "La fiesta", como dice Throstur Helgason, "se acabó". "Les contaré a mis hijos las grandes borracheras con champán que montaban los jóvenes banqueros y no se lo creerán".
JOHN CARLIN in EL PAIS - 19/10/2008
Gente mayor que ha visto desaparecer sus ahorros de toda la vida; padres de familia incapaces de pagar sus deudas hipotecarias; jóvenes con estudios universitarios obligados a abandonar pisos recién comprados, sus sueños de prosperidad aniquilados: no es la excepción, es la nueva norma en Islandia, país cuya población, la más devastada por la actual crisis financiera mundial, se encuentra en estado de shock. "Como los sobrevivientes de un terremoto", se lamenta uno. "Nuestro 11 de septiembre", llora otro.
Islandia, una pequeña y desorbitada caricatura del crecimiento sin fin que parecía estar viviendo el mundo desarrollado, ofrece de repente una temible primicia de la debacle económica que amenaza con reproducirse en Europa, en Estados Unidos y en el resto de los países ricos. Sin reservas de moneda extranjera, con casi la totalidad de la banca nacionalizada, y el país declarado prácticamente "en bancarrota" por el primer ministro, el país está en el epicentro de un terremoto global cuyo impacto ni el más alocado cómplice del ataque a las Torres Gemelas se hubiera atrevido a imaginar.
El trauma -que se expresa con rabia, vergüenza, miedo- parte del choque entre la enorme autosatisfacción acumulada durante años de desaforado crecimiento y lo estrepitosa que ha sido la caída. Un informe de Naciones Unidas identificó a Islandia a principios de año como el mejor lugar del mundo para vivir. Un estudio académico publicado en importantes periódicos mundiales en 2006 afirmó que los islandeses eran la gente más feliz de la tierra. Hoy Islandia está a merced del Fondo Monetario Internacional, como si ocupara no el primer lugar, sino, como Sierra Leona, el último en la lista del Índice de Desarrollo Humano de la ONU. Como síntoma de la desesperación reinante, el Gobierno analiza la posibilidad de aceptar un préstamo gigantesco de Rusia, país cuya población, según el estudio académico de 2006, es la más infeliz del mundo.
Los criterios de desarrollo en los que se basó la ONU no consistían únicamente en el hecho de que este país de 300.000 habitantes, ubicado en uno de los ecosistemas más inhóspitos de la Tierra, había llegado a colocarse en el sexto lugar del mundo por su producto interior bruto per cápita.
Cuando los islandeses se recuperen del susto recordarán que sus sistemas públicos de sanidad y educación no tienen parangón. Que el Estado contribuye de manera activa a que las madres tengan las mismas posibilidades de acceder al mercado laboral que los padres. Que Islandia es líder mundial en cuanto a energía limpia y renovable: el uso de agua caliente proveniente de las entrañas volcánicas de la isla nutre al país de electricidad. Que hay una cultura de lectura y de música que se encuentra en poquísimos lugares del planeta.
Pero los logros acumulados a lo largo de los mil años de presencia humana en la isla se ven ahora en riesgo debido a la exuberancia vikinga, que muchos habían identificado como el motor del milagro islandés, como el motivo por el cual el país pasó en medio siglo de ser el más pobre de Europa a uno de los más ricos, con desempleo cero. En mayo pasado, el propio presidente, Ólafur Ragnar Grímsson, se había jactado, en un discurso en Londres, de las ancestrales virtudes vikingas -la osadía masculina por excelencia de salir a conquistar el mundo en pequeños barcos de madera, sin miedo alguno- como motivo de "la superioridad empresarial" del islandés. Hace dos semanas, en plena caída libre de la economía, Grímsson fue operado del corazón, y el lunes pasado apareció en televisión pidiendo disculpas a la nación por haber hecho el ridículo ante el mundo. Los banqueros islandeses, la vanguardia vikinga, operaban en 20 países y habían comprado grandes empresas en Inglaterra y Dinamarca, sin excluir, como si fueran jeques árabes u oligarcas rusos, un equipo de fútbol londinense. Pero, al hacerlo, la deuda nacional se multiplicó; se rompieron los vínculos bancarios en los que se sustenta el sistema financiero mundial, y la burbuja islandesa explotó.
Los islandeses se debaten hoy entre echarle la culpa al Gobierno, por haber desregulado las leyes de manera tal que todo valía, o a los banqueros, cuya extravagancia era observada por el resto de los ciudadanos en las fiestas espontáneas que montaban en los bares de Reikiavik, la capital, donde consumían champán a 1.000 euros la botella como si fuera cerveza.
Thorir Bergsson es de los que se inclinan por culpar al Gobierno, y de los que espera que el Gobierno dé ahora con una solución a su apremiante, y absolutamente típico, dilema.
Bergsson, de 39 años, es cocinero en el que había sido hasta hace un mes un exitoso restaurante en el centro de Reikiavik. Ahora ha bajado la clientela en un 40%, han despedido a varios empleados y él mismo se plantea la posibilidad de aceptar una reducción de su salario. Su mujer es antropóloga y trabaja en el municipio de Reikiavik en el departamento de inmigrantes, un puesto de trabajo que pronto podría tener poca relevancia, ya que los inmigrantes -de los países bálticos principalmente- se están yendo, debido a que la moneda islandesa, el krona, está en caída libre y que de repente se plantea la seria posibilidad de que los propios islandeses empiecen a competir "por los trabajos de manos sucias", como dice Bergsson.
Pero esto no es lo peor. Lo peor es que Bergsson, sencillamente, no puede pagar su mensualidad hipotecaria, ni la del préstamo de su coche, sin que los cuatro niños que viven con él y su mujer pasen hambre. La pareja tiene dos hijos pequeños, pero cada uno cuenta además con un hijo adolescente de anteriores relaciones -situación que en Islandia no sólo es común, sino que se vive con entera naturalidad-. Entre los dos se ganaban muy bien la vida: lo que hace muy poco hubieran sido unos 8.500 euros al mes, o 850.000 kronas, y ahora son 6.000, con tendencia clara a bajar. Como muchos islandeses, optaron, aconsejados por el banco, por una hipoteca calculada en una mezcla de monedas extranjeras. La consecuencia ha sido que, si antes pagaban 160.000 kronas al mes por la casa, el banco les ha informado de que la próxima cuota será de 400.000. Por el coche tiene que pagar 60.000. "Si agregamos el 36% de impuestos que nos quitan de nuestros sueldos, nos quedamos prácticamente con nada", dice Bergsson. "Por eso pienso ir al banco y decirles que no vamos a pagar. Todo el mundo está en las mismas. El país entero está congelado, a la espera de algo".
Por ejemplo: que con las divisas que lleguen del FMI, de los rusos, o, como muchos desean, de los primos escandinavos (ya que todos temen las condiciones que podrían imponer los otros dos), el gobierno pueda montar un plan de rescate. "Hay otra cosa que prefiero ni pensar", dice Bergsson, que insiste en que está manteniendo la calma aunque sus ojos no oculten un aire de ansiedad que roza el dolor. "Mi casa, en la que había invertido tanta ilusión, además de dinero, pierde valor cada día que pasa. ¿Qué va a significar eso para mis ahorros cuando sea mayor?".
Bergsson reconoce, de todos modos, que hay "mucha gente" pasándolo peor que él. Por ejemplo, los 1.000 jóvenes empleados de banco -en muchos casos, la flor y nata del sistema universitario islandés, con masters y doctorados en el extranjero- que han sido despedidos este mes y que habían apostado por la buena vida con mucha más exuberancia crediticia que él. "Yo todavía puedo reconstruirme, pero los que más pena me dan son todos los mayores que han perdido sus ahorros".
Ha sido sorprendente ver la reticencia de los islandeses (Bergsson es un caso excepcional) a contar los dramas que están viviendo. Se demuestra en el hecho de que los periódicos islandeses casi no hayan publicado ninguna historia con nombre y apellidos sobre el impacto de la crisis en la calle. Es como si los periodistas entendieran que a los islandeses les da vergüenza mirarse en el espejo. Por eso, la mayoría de las historias que uno oye son de segunda mano.
Como el caso, también típico, del suegro del escritor Throstur Helgason, que se jubiló el viernes anterior al lunes en el que nacionalizaron su banco, el Glitnir. "Tiene 70 años. Fue ejecutivo de una gran empresa hidroeléctrica", cuenta Helgason. "A principios de año, el banco le convenció, a él y a muchos en su situación, para que pasara sus ahorros de toda la vida de una cuenta sólida que daba un interés del 14% a una que daba un 20%, y le aseguraron que, aunque en teoría tenía más riesgo, en la práctica era igual de segura. La solidez de la banca mundial era su garantía, le dijeron. Así que transfirió los fondos y, apenas 48 horas después de haber concluido su vida laboral, vio cómo todo el dinero acumulado a lo largo de su vida, para disfrutar de una feliz jubilación, había desaparecido del mapa".
Helgason, que tiene tres hijos pequeños, tiene la enorme suerte de haber terminado prácticamente de pagar su hipoteca. Pero tampoco se considera a salvo. Por un lado, porque su esposa, la directora del Festival de Cine Internacional Anual de Reikiavik, no sabe si la muestra se celebrará el año que viene, ya que el principal patrocinador es un banco islandés. Por otro, porque Helgason ha escrito tres libros que su editorial se había comprometido a publicar, pero ahora no posee el dinero para imprimir. Encima, dice Helgason, que es jefe de la sección de cultura de un diario islandés, hay indicios de que la mayor cadena de distribución de libros del país está a punto de quebrar, lo que arrastraría a la ruina a la principal editorial islandesa. "¡Y todo esto en un país en el que, hasta ahora, la gente ha comprado más libros que en cualquier otro!".
En cuanto a su tradición musical, el país ha sufrido otro duro golpe moral al anunciarse la cancelación de una gira de la orquesta sinfónica nacional programada en Japón este mes. "Los organizadores japoneses escribieron para decir que, dada la crisis que atravesaba Islandia, mejor que no vinieran", cuenta Helgason.
Una salida para los músicos -y los demás islandeses preparados para competir en el ámbito internacional, que son muchos- es emigrar. Este, precisamente, es el temor más grande de la docena de personas con las que EL PAÍS habló para este reportaje. "Si vamos a salir del lío, si vamos a reconstruir el país sobre bases más sólidas y duraderas, si vamos a dar el paso esencial de diversificar nuestra economía, lo que no debe ocurrir es una estampida de cerebros", argumenta Svafa Gronfeldt, rectora de la Universidad de Reikiavik. "Somos un pueblo de sobrevivientes por definición. El haber creado una buena vida aquí ha sido fruto de una tremenda imaginación y capacidad práctica. Nuestra gran ventaja hoy es que tenemos a gente joven altamente competitiva en el mercado mundial, que además se maneja a la perfección en inglés. Ahora, si se van...".
Thorir Bergsson no es un caso típico, porque es cocinero (aunque uno de los síntomas del éxito islandés ha sido la proliferación de excelentes restaurantes en la capital), pero sí refleja la actitud de mucha gente que comparte la opción de buscarse la vida en el extranjero. "No queremos irnos, aunque tanto mi mujer como yo sabemos que podríamos conseguir empleo fuera. Sin duda", dice. "Pero es que sería terrible que gente de mi generación abandonara el barco ahora. Aunque, claro, si el bienestar de nuestros hijos está en juego, nuestro idealismo no durará para siempre".
Dagur Eggertson, ex alcalde de Reikiavik y médico de profesión, asegura que el trauma que vive el país se multiplica, especialmente en el caso de gente mayor que ha perdido sus ahorros, ante la posibilidad de que "los mejores y los más listos" se vayan. "No sólo es que nos costaría muchísimo más levantarnos económicamente; es que éste es un país en el que las familias están muy unidas, quizá más unidas ahora que nunca, y el impacto emocional sería atroz. Conozco a un señor que trabaja para el Gobierno cuyos tres hijos -dos de ellos banqueros; el otro, ejecutivo de una empresa de telefonía- acaban de perder sus trabajos. Ve casi inevitable que emigren los tres".
Pero Eggertson comparte la opinión de Svafa Gronfeldt, la rectora de la universidad, de que Islandia puede dar una lección al mundo sobre cómo salir de la actual crisis. "Debemos reflexionar sobre la humillación que hemos sufrido, abandonar estos viejos valores vikingos y reemplazarlos por otros".
¿Qué otros? La respuesta la tienen Gronfeldt y otra media docena de mujeres entrevistadas por este periódico: "Con valores femeninos". Islandia es el país con el porcentaje más alto de mujeres con empleo. Pero, como dice Gronfeldt, hasta ahora casi todas se han quedado estancadas en el segundo o tercer nivel empresarial. "Las mujeres tienen la preparación y la habilidad, y esta crisis va a acelerar el movimiento hacia arriba".
Ya se ha comenzado a experimentar el fenómeno, y de manera fulminante. Los nuevos presidentes de los dos grandes bancos nacionalizados son, por primera vez, mujeres, lo que un ministro describió como un intento de implantar "una nueva cultura" en el mundo bancario y lo que provocó este titular del Financial Times: "Mujeres islandesas, a limpiar el desorden masculino".
"Sí", dice Halla Tomasdottir, "pero esta vez, después de limpiar, nos vamos a quedar". Tomasdottir ha aparecido como la portavoz de una nueva corriente a favor de que las mujeres ocupen puestos clave de liderazgo en la nueva Islandia, que se espera que emerja de las ruinas de la antigua. "Antes sólo remábamos; ahora vamos a decidir adónde vamos".
Tomasdottir posee, hoy más que nunca, los atributos de una gran capitana. Es la presidenta de Audur Capital, la única consultora financiera de Islandia cuyos clientes no sólo no han perdido dinero en la crisis, sino que han salido ganando. "Los últimos cuatro años he estado observando, incrédula, el modelo imperante de inversiones. Todo pensado a corto plazo, sin tomar en cuenta las consecuencias sociales; apostar todo a enormes ganancias sin evaluar seriamente los riesgos; un grotesco exceso en los incentivos a los individuos que lideran las inversiones, y, en general, una preponderancia desmesurada de testosterona en la toma de decisiones".
"Las mujeres islandesas y en todo el mundo son más prácticas que los hombres, tienen los pies más firmemente plantados en la tierra y estudian con más mesura las consecuencias de los riesgos que toman", dice Tomasdottir, que el martes pronunció un discurso sobre el tema -recibido con fervor- ante 100 de las mujeres más influyentes de Islandia.
"No es el fin del capitalismo, como algunos dicen", explica Tomasdottir. "Es el comienzo de un capitalismo mejorado, dirigido no por las mujeres solas, claro que no, sino guiado por un concepto más femenino de la vida". Eso consiste "en pensar más a largo plazo, trabajar más en equipo y tomar en cuenta no sólo las ganancias inmediatas de los inversores, sino valores más amplios, como el bienestar de la sociedad en su conjunto".
Tomasdottir, una mujer de una tremenda energía y extravagante buen humor, dice estar entusiasmada ante los retos que hay por delante. "Sorprenderemos al mundo, saldremos fortalecidos de todo esto, y el mundo imitará nuestro ejemplo. ¡Ya verá!".
Pero antes, y esto no lo niega ni ella, tendrán que pasar tres o cuatro años duros. Habrá desempleo por primera vez en Islandia, quizá por mucho tiempo; la moneda bajará antes de volver a subir; algunos de los "mejores" se irán para siempre, y los mayores se lamentarán de haber perdido la oportunidad de celebrar su largamente anticipado retiro. "La fiesta", como dice Throstur Helgason, "se acabó". "Les contaré a mis hijos las grandes borracheras con champán que montaban los jóvenes banqueros y no se lo creerán".
JOHN CARLIN in EL PAIS - 19/10/2008
Saturday, October 11, 2008
El 'crash' de octubre de 2008
La desconfianza hunde las Bolsas en la peor semana de su historia - En una jornada errática, Wall Street abre en caída libre y al final recupera buena parte de lo perdido
Cada generación tiene su propio hundimiento bursátil, que además suele ser la antesala de una recesión global, o a lo peor de una depresión profunda. En el imaginario popular han quedado grabados a fuego el crash de 1929 y el lunes negro de 1987, en los que el veneno de la desconfianza provocó desplomes espectaculares en los mercados y acabó teniendo consecuencias devastadoras sobre el resto de la economía. Hay que conocer la historia para escapar de ella: la semana que culminaron ayer los mercados mundiales es peor incluso que las peores semanas de los meses de octubre de 1929 y 1987. En algunos aspectos, peor que ningún otro crash, a la espera de que los países más ricos, reunidos en Washington en un G-7 que se adivina clave,
encuentren la varita mágica para salir del túnel.
· Esto ya es un 'crash'
· Desplome histórico de la Bolsa española
· Días grises, semana negra
· ¿Cuánto más caerán las Bolsas?
Crisis financiera mundial
Ver cobertura completa
En una jornada de grandes vaivenes, Wall Street estuvo ayer unos minutos en caída libre, los posteriores a una apertura demoledora. El día anterior se había desplomado víctima del miedo, de los recelos, de la incertidumbre en el sistema financiero que ha desembocado en un ataque de pánico sensacional. Los planes de emergencia de las autoridades políticas y de los grandes bancos centrales no consiguen detener la sangría: bastaron esas dos referencias procedentes de Nueva York para que el pánico corriera como la pólvora por todos los rincones del globo: Tokio, Londres y Madrid se despeñaron un 9%.
El Dow Jones se situó a niveles de 10 años atrás, aunque a última hora experimentó una recuperación espectacular que permite vislumbrar cierta esperanza a partir de la próxima semana. De nuevo la intervención estatal: la Administración Bush aseguró que la quiebra de Lehman no provocará grandes quebrantos a la banca.
Pero eso fue a última hora. A lo largo de la jornada, Wall Street llegó a perder hasta el 8% y sembró el miedo en los inversores. Varios parqués -tan alejados como Rusia, Tailandia, Austria, Rumania, Brasil e Islandia- cerraron sus puertas o suspendieron durante unas horas la cotización.
Los desplomes fueron la tónica de la jornada en todo el mundo, en un derrumbe en cascada que coronó la peor semana bursátil que se recuerda.
Pero no es sólo una cuestión de las Bolsas, habituadas a sobreactuar para bien o para mal. Hay más. El mercado interbancario no existe, con el sistema financiero al borde del colapso. Los mercados de bonos públicos -y sobre todo, privados-, las materias primas y el petróleo cerraron también una semana de pesadilla, un crash en cascada.
La crisis financiera es más profunda que ninguna otra porque afecta a varios mercados (Bolsas, interbancario, divisas, bonos y un largo etcétera) y es más internacional que nunca. Y la economía real -es decir, todo el entramado no financiero- empieza a sufrir: los tres grandes grupos automovilísticos de Detroit amenazan ruina, según Standard & Poor's, y la General Motors tuvo incluso que salir ayer al paso de las informaciones que aseguraban que iba a declararse en bancarrota. Los bancos están en el origen y son el epicentro de las turbulencias, pero el contagio ha llegado a la construcción y a la industria en muchos países. Incluido España.
Como fichas de dominó, los desplomes bursátiles se iniciaron en Australia, barrieron los mercados asiáticos y después los europeos y latinoamericanos, arrastrados por los primeros minutos de Wall Street, que cedió un 8% en la apertura y a una hora del cierre se dejaba aún más del 5%, aunque al final perdió poco más del 1%. Los principales parqués europeos llegaron a caer más del 10% a media sesión, pese a las nuevas inyecciones de liquidez de los bancos centrales en Europa y Japón. El petróleo brent -de referencia en Europa- bajó a plomo, hasta los 73 dólares por barril, lastrado por la amenaza de recesión y los temores sobre una acusada caída de la demanda. Sólo el cierre de Wall Street escapó al pánico generalizado en los mercados.
Las acciones de los grandes Gobiernos no surten efecto, de momento. Las declaraciones tampoco, y en algunos casos incluso acentúan los números rojos. El secretario del Tesoro, Henry Paulson, advirtió el jueves de que puede haber nuevas quiebras de bancos. El primer ministro italiano, Silvio Berlusconi, sugirió ayer la posibilidad de cerrar las grandes Bolsas. El presidente estadounidense, George W. Bush, acusó a la "incertidumbre y el miedo" del colapso. "Podemos resolver la crisis y devolver la estabilidad a los mercados, y lo haremos", prometió. Tras esas afirmaciones, Wall Street, que había logrado reducir al mínimo las pérdidas, volvió a retroceder con fuerza, hasta el inesperado rebote final.
Las voces más influyentes de la economía mundial claman por un golpe de efecto del G-7, convertido casi en la última bala para evitar que la situación caótica en los mercados arrastre a la economía. El G-7 "debe hacer algo pronto o será el peor desplome desde la Gran Depresión", escribía ayer el economista Paul Krugman en The New York Times. "Además de un cambio radical en el liderazgo económico, debe haber acciones políticas radicales y coordinadas entre las economías avanzadas y emergentes para evitar el desastre", explicó a Bloomberg Nouriel Roubini, que hace dos años fue uno de los pocos expertos que se atrevieron a predecir la crisis.
Incluso el oráculo de las Bolsas durante los últimos años, Alan Greenspan -señalado ahora como el gran causante de los problemas por su política monetaria al frente de la Reserva Federal- afirmó que los inversores sólo "volverán a tomar riesgos" en torno al primer semestre de 2009, cuando se estabilice el mercado inmobiliario. Y para ello es necesaria una acción decidida del G-7, coinciden los expertos. "La crisis demuestra que los mercados no funcionan muy bien solos", resumió el Nobel Joseph Stiglitz.
Las circunstancias excepcionales en las que está sumida la economía mundial duran ya 14 meses. El reventón de la burbuja inmobiliaria norteamericana desató la crisis subprime, con una gran incertidumbre sobre el alcance y la duración del episodio que entonces se iniciaba.
Al principio, las dificultades se circunscribían a un puñado de fondos de inversión e instituciones financieras, pero con el paso de los meses se han sucedido, sin solución de continuidad, nacionalizaciones, quiebras, intervenciones de entidades, creación de nuevos esquemas de garantías para inversores y limitaciones importantes de prácticas de mercado, como las ventas a la baja de acciones.
EE UU puso en marcha un plan de rescate multimillonario, a los que han seguido medidas similares en Europa. Pero la situación sigue sin normalizarse. "Las condiciones financieras se han endurecido, y la crisis se transmite así a la economía real", explicó ayer José Carlos Díez, economista jefe de Intermoney. "Las Bolsas pueden bajar o subir mucho en un día, pero el auténtico problema es el colapso financiero y sus efectos sobre la economía", afirmó Díez.
La Bolsa española cerró con una caída del 9,1%, que eleva las pérdidas semanales al 21%. Como en otros países, el plan de rescate financiero no impidió que los grandes bancos (Santander y BBVA) cayeran un 12%. Al margen del peligro de recesión mundial y de los problemas domésticos en la construcción, los problemas recientes de América Latina -que hasta ahora había capeado bien el temporal- perjudican a las grandes empresas españolas. Brasil y México salieron ayer, otra vez, a defender sus monedas.
Los analistas bursátiles no son optimistas a corto plazo. "En una situación de pánico, de nada sirven los fundamentales, la espiral arrastra a todos los valores", explicó desde Londres Juergen Michels, de Citi.
En octubre de 1929, el pánico suicida en los mercados financieros acabó contagiando al resto de la economía, que se sumió en una gran depresión por la falta de reacción de los Gobiernos. A diferencia de entonces, tanto EE UU como los grandes Gobiernos de la eurozona y los bancos centrales de todo el mundo han empezado a reaccionar, pese a la falta de coordinación y a las dudas sobre algunas medidas de emergencia. La llave de la situación está ahora en manos del G-7. "Prepárense para un súper bazuca", vaticinaban los analistas de Citigroup.
El Pais - CLAUDI PÉREZ - Madrid - 11/10/2008
Cada generación tiene su propio hundimiento bursátil, que además suele ser la antesala de una recesión global, o a lo peor de una depresión profunda. En el imaginario popular han quedado grabados a fuego el crash de 1929 y el lunes negro de 1987, en los que el veneno de la desconfianza provocó desplomes espectaculares en los mercados y acabó teniendo consecuencias devastadoras sobre el resto de la economía. Hay que conocer la historia para escapar de ella: la semana que culminaron ayer los mercados mundiales es peor incluso que las peores semanas de los meses de octubre de 1929 y 1987. En algunos aspectos, peor que ningún otro crash, a la espera de que los países más ricos, reunidos en Washington en un G-7 que se adivina clave,
encuentren la varita mágica para salir del túnel.
· Esto ya es un 'crash'
· Desplome histórico de la Bolsa española
· Días grises, semana negra
· ¿Cuánto más caerán las Bolsas?
Crisis financiera mundial
Ver cobertura completa
En una jornada de grandes vaivenes, Wall Street estuvo ayer unos minutos en caída libre, los posteriores a una apertura demoledora. El día anterior se había desplomado víctima del miedo, de los recelos, de la incertidumbre en el sistema financiero que ha desembocado en un ataque de pánico sensacional. Los planes de emergencia de las autoridades políticas y de los grandes bancos centrales no consiguen detener la sangría: bastaron esas dos referencias procedentes de Nueva York para que el pánico corriera como la pólvora por todos los rincones del globo: Tokio, Londres y Madrid se despeñaron un 9%.
El Dow Jones se situó a niveles de 10 años atrás, aunque a última hora experimentó una recuperación espectacular que permite vislumbrar cierta esperanza a partir de la próxima semana. De nuevo la intervención estatal: la Administración Bush aseguró que la quiebra de Lehman no provocará grandes quebrantos a la banca.
Pero eso fue a última hora. A lo largo de la jornada, Wall Street llegó a perder hasta el 8% y sembró el miedo en los inversores. Varios parqués -tan alejados como Rusia, Tailandia, Austria, Rumania, Brasil e Islandia- cerraron sus puertas o suspendieron durante unas horas la cotización.
Los desplomes fueron la tónica de la jornada en todo el mundo, en un derrumbe en cascada que coronó la peor semana bursátil que se recuerda.
Pero no es sólo una cuestión de las Bolsas, habituadas a sobreactuar para bien o para mal. Hay más. El mercado interbancario no existe, con el sistema financiero al borde del colapso. Los mercados de bonos públicos -y sobre todo, privados-, las materias primas y el petróleo cerraron también una semana de pesadilla, un crash en cascada.
La crisis financiera es más profunda que ninguna otra porque afecta a varios mercados (Bolsas, interbancario, divisas, bonos y un largo etcétera) y es más internacional que nunca. Y la economía real -es decir, todo el entramado no financiero- empieza a sufrir: los tres grandes grupos automovilísticos de Detroit amenazan ruina, según Standard & Poor's, y la General Motors tuvo incluso que salir ayer al paso de las informaciones que aseguraban que iba a declararse en bancarrota. Los bancos están en el origen y son el epicentro de las turbulencias, pero el contagio ha llegado a la construcción y a la industria en muchos países. Incluido España.
Como fichas de dominó, los desplomes bursátiles se iniciaron en Australia, barrieron los mercados asiáticos y después los europeos y latinoamericanos, arrastrados por los primeros minutos de Wall Street, que cedió un 8% en la apertura y a una hora del cierre se dejaba aún más del 5%, aunque al final perdió poco más del 1%. Los principales parqués europeos llegaron a caer más del 10% a media sesión, pese a las nuevas inyecciones de liquidez de los bancos centrales en Europa y Japón. El petróleo brent -de referencia en Europa- bajó a plomo, hasta los 73 dólares por barril, lastrado por la amenaza de recesión y los temores sobre una acusada caída de la demanda. Sólo el cierre de Wall Street escapó al pánico generalizado en los mercados.
Las acciones de los grandes Gobiernos no surten efecto, de momento. Las declaraciones tampoco, y en algunos casos incluso acentúan los números rojos. El secretario del Tesoro, Henry Paulson, advirtió el jueves de que puede haber nuevas quiebras de bancos. El primer ministro italiano, Silvio Berlusconi, sugirió ayer la posibilidad de cerrar las grandes Bolsas. El presidente estadounidense, George W. Bush, acusó a la "incertidumbre y el miedo" del colapso. "Podemos resolver la crisis y devolver la estabilidad a los mercados, y lo haremos", prometió. Tras esas afirmaciones, Wall Street, que había logrado reducir al mínimo las pérdidas, volvió a retroceder con fuerza, hasta el inesperado rebote final.
Las voces más influyentes de la economía mundial claman por un golpe de efecto del G-7, convertido casi en la última bala para evitar que la situación caótica en los mercados arrastre a la economía. El G-7 "debe hacer algo pronto o será el peor desplome desde la Gran Depresión", escribía ayer el economista Paul Krugman en The New York Times. "Además de un cambio radical en el liderazgo económico, debe haber acciones políticas radicales y coordinadas entre las economías avanzadas y emergentes para evitar el desastre", explicó a Bloomberg Nouriel Roubini, que hace dos años fue uno de los pocos expertos que se atrevieron a predecir la crisis.
Incluso el oráculo de las Bolsas durante los últimos años, Alan Greenspan -señalado ahora como el gran causante de los problemas por su política monetaria al frente de la Reserva Federal- afirmó que los inversores sólo "volverán a tomar riesgos" en torno al primer semestre de 2009, cuando se estabilice el mercado inmobiliario. Y para ello es necesaria una acción decidida del G-7, coinciden los expertos. "La crisis demuestra que los mercados no funcionan muy bien solos", resumió el Nobel Joseph Stiglitz.
Las circunstancias excepcionales en las que está sumida la economía mundial duran ya 14 meses. El reventón de la burbuja inmobiliaria norteamericana desató la crisis subprime, con una gran incertidumbre sobre el alcance y la duración del episodio que entonces se iniciaba.
Al principio, las dificultades se circunscribían a un puñado de fondos de inversión e instituciones financieras, pero con el paso de los meses se han sucedido, sin solución de continuidad, nacionalizaciones, quiebras, intervenciones de entidades, creación de nuevos esquemas de garantías para inversores y limitaciones importantes de prácticas de mercado, como las ventas a la baja de acciones.
EE UU puso en marcha un plan de rescate multimillonario, a los que han seguido medidas similares en Europa. Pero la situación sigue sin normalizarse. "Las condiciones financieras se han endurecido, y la crisis se transmite así a la economía real", explicó ayer José Carlos Díez, economista jefe de Intermoney. "Las Bolsas pueden bajar o subir mucho en un día, pero el auténtico problema es el colapso financiero y sus efectos sobre la economía", afirmó Díez.
La Bolsa española cerró con una caída del 9,1%, que eleva las pérdidas semanales al 21%. Como en otros países, el plan de rescate financiero no impidió que los grandes bancos (Santander y BBVA) cayeran un 12%. Al margen del peligro de recesión mundial y de los problemas domésticos en la construcción, los problemas recientes de América Latina -que hasta ahora había capeado bien el temporal- perjudican a las grandes empresas españolas. Brasil y México salieron ayer, otra vez, a defender sus monedas.
Los analistas bursátiles no son optimistas a corto plazo. "En una situación de pánico, de nada sirven los fundamentales, la espiral arrastra a todos los valores", explicó desde Londres Juergen Michels, de Citi.
En octubre de 1929, el pánico suicida en los mercados financieros acabó contagiando al resto de la economía, que se sumió en una gran depresión por la falta de reacción de los Gobiernos. A diferencia de entonces, tanto EE UU como los grandes Gobiernos de la eurozona y los bancos centrales de todo el mundo han empezado a reaccionar, pese a la falta de coordinación y a las dudas sobre algunas medidas de emergencia. La llave de la situación está ahora en manos del G-7. "Prepárense para un súper bazuca", vaticinaban los analistas de Citigroup.
El Pais - CLAUDI PÉREZ - Madrid - 11/10/2008
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